01 julho 2007







Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.




Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.


A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.


Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.


Deles não quero resposta, quero meu avesso.


Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.


Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.


Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.


Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.


Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.


Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.


Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.



Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.




Não quero amigos adultos nem chatos.


Quero-os metade infância e outra metade velhice.



Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.



Tenho amigos para saber quem eu sou.



Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.





Oscar Wilde

Nenhum comentário:

Postar um comentário